Tuesday, April 24, 2007

Ano, mês, dia...


Todos os calendários tem como base os movimentos dos dois astros - o Sol e a Lua - para determinar as unidades de tempo: dia, mês e ano. O dia, cuja noção nasceu do contraste entre a luz solar e a escuridão da noite, é o elemento mais antigo e fundamental do calendário. A observação da periodicidade das fases lunares gerou a ideia de mês. E a repetição alternada das estações deu origem ao conceito de ano, estabelecido em função das necessidades da agricultura.


O ano é o período de tempo necessário para que a Terra faça uma volta completa ao Sol - cerca de 365 dias e seis horas. Esse número fraccionário exige que se intercale dias periodicamente, a fim de fazer com que os calendários coincidam com as estações. No calendário gregoriano, usado na maior parte do mundo, um ano comum compreende 365 dias, mas a cada quatro anos há um ano de 366 dias - o chamado ano bissexto, em que o mês de Fevereiro passa a ter 29 dias. São bissextos os anos cujo milésimo é divisível por quatro, com excepção dos anos de fim de século cujo milésimo não seja divisível por 400. Assim, por exemplo, o ano de 1900 não é bissexto, ao contrário do ano 2000.


Em astronomia, distinguem-se vários tipos de ano, com pequenas diferenças de duração.


O ano trópico, também designado de ano solar ou ano das estações, tem 365 dias, cinco horas, 48 minutos e 46 segundos. O ano anomalístico compreende o período de 365 dias, seis horas, 13 minutos e 53 segundos.


Dada a facilidade de observação das fases lunares muitas sociedades estruturaram os seus calendários de acordo com os movimentos da Lua. O ano lunar, de 12 meses sinódicos, correspondentes aos 12 ciclos da fase lunar, tem cerca de 364 dias. Conforme a escala de tempo seja baseada nos movimentos do Sol, da Lua, ou de ambos, o calendário será respectivamente solar, lunar ou lunissolar.


No calendário gregoriano os anos começam a ser contados a partir do nascimento de Jesus Cristo, em função da data calculada, no ano 525 da era cristã, pelo historiador Dionísio o Pequeno. Todavia, seus cálculos não estavam correctos, pois é mais provável que Jesus Cristo tenha nascido quatro ou cinco anos antes, no ano 749 da fundação de Roma, e não no 753, como sugeriu Dionísio. Para a moderna historiografia, o fundador do cristianismo teria na verdade nascido no ano 4 a.C.

1 comment:

Dário Cardina Codinha said...

Há mais de dois mil anos, quando uns Gregos se puseram a inventar horóscopos, o Sol entrava na constelação Carneiro no equinócio* da primavera. Essa ficou a primeira constelação e dividiram o zodíaco por outras 12. Mas entretanto a precessão da Terra deslocou o equinócio, no qual o Sol agora está a meio da constelação Peixes.

Além da precessão dos equinócios havia um problema com o calendário Juliano, em uso de 45 AC até 4 de Outubro de 1582. Era um calendário com 365 dias por ano mais um dia extra cada quatro anos, quase como o nosso. O problema é que um ano terrestre tem 365.2424 dias (ano do equinócio vernal), e o ano do calendário Juliano tem em média 365.25 dias. Mil e seiscentos anos mais tarde já ia com dez dias de atraso e estava a estragar a Páscoa aos católicos.

Para corrigir o problema o Papa Gregório XIII decretou um novo calendário em 1582. Neste, um ano divisível por 100 só é bissexto se for divisível por 400. Decretou também uma alteração de data: a seguir a 4 de Outubro de 1582 foi o dia 15 de Outubro de 1582. Isto repôs o equinócio da Primavera no dia 21 de Março e alinhou melhor o calendário com a órbita e precessão da Terra.

Agora tenho que contar o que fizeram os astrólogos nestes 15 séculos em que o Sol no equinócio foi mudando de constelação, o calendário errado se foi desfasando do ano vernal, e, finalmente, se saltou 10 dias de uma vez.

Nada. Não mudaram uma única data. É por isso que os nativos de Caranguejo como eu nascem quando o Sol está na constelação Gémeos. Mas é de notar que isto não afectou as previsões astrológicas. A astrologia de hoje é tão fiável e útil como era na Grécia antiga, e até é mais higiénica porque já não usam as entranhas dos pombos.